Já pensou como o cruzamento dos mares marcou nossas vidas?
O Atlântico, para ficarmos mais detidamente nesse enquadramento, foi sistematicamente atravessado pelos últimos 550 anos, aproximadamente. Até o início do século passado, a travessia era feita por embarcações cada vez mais robustas, isto é, que aguentavam mais viagens, e capazes de transportar cada vez mais corpos.
Vê como o Atlântico foi percorrido por tanta gente? Dos países europeus saíram barcos cujo intuito era expandir suas fronteiras, explorar o ouro e quaisquer riquezas possíveis, expandir seu mercados consumidores e os fiéis de uma Igreja implacável. Muitos dos corpos que vieram nesses barcos instalaram-se nas Américas (na IRACEMA de José de Alencar, anagrama de AMÉRICA) e sugaram no beijo doce dos lábios de mel das nossas civilizações originárias parte da vida. Outros corpos vieram a fim de fugir de perseguições de caráter religioso, pois a mesma fé que se desejava expandir era a fé que não tolerava a diferença religiosa. Judeus se tornaram cristãos novos e erraram nas cidades das Américas, sejam elas Recife, Bridgetown, Nova Amsterdam (que conhecemos por Nova Iorque). Esse é o caso do fictício Benjamin Cohen d'Azevedo, português que se refugiou em Bridgetown e cuja parte da família veio para Recife até, novamente, a chegada dos portugueses. De lá, perseguidos, refugiaram- se nas Américas. Benjamim se encontra, ficticiamente, com Tituba. Todos cruzando os mares. Nessa travessia que será sempre o caminho?
Abena, Maryse Condé, Carolina Maria de Jesus, Tituba, Maya Angelou. Todas elas confundidas e misturadas aqui por nós - personagens e autoras - , e seus ancestrais cruzaram o Atlântico e tiveram nas Américas, seja do Norte, Central ou do Sul sua partilha de sangue e vida. Nossas vidas são tocadas pelas vidas delas. Vê como?
Qual parte da sua história também atravessou os mares e deu nesse aqui presente? Onde todos essas vagas nos carregam?
Já pensou como o cruzamento dos mares marcou as nossas vidas?
Comments